O Perseguidor, de Julio Cortázar: um encontro entre literatura e jazz

            Julio Cortázar foi um escritor que marcou o século XX. Sua literatura, original e inovadora, nos trouxe obras marcantes como “O Bestiário” e “O jogo da amarelinha”.
            Cortázar tinha uma grande apreciação por música e, desse amor, particularmente pelo jazz, nasceu “O Perseguidor”, publicado em 1959. Trata-se de uma homenagem ao grande saxofonista de jazz Charlie Parker, falecido poucos anos antes.
            O conto se passa na Paris dos anos 1950, época em que aquela cidade tinha se tornado um ponto de efervescência do movimento bebop.
            A história é conduzida pelo narrador Bruno, jornalista e crítico de jazz. Sua biografia sobre o astro Johnny Carter estava fazendo sucesso no meio especializado.
            Aliás, em uma breve passagem, ele nos dá uma bela e concisa descrição do que é a vida de um crítico, apontando-o como um “homem que só pode viver de empréstimo, das novidades e das decisões alheias.”
            Digno de nota pois, sempre “metralhado” no campo musical, há que se considerar o papel do crítico, sua importância como um personagem que pode abrir nossos olhos e ouvidos para as obras, enfim, um elemento constitutivo do universo musical.



            Cortázar coloca em Bruno pensamentos e atitudes conflitantes e mesmo polêmicos, parecendo estar nos convidando a pensar junto com ele sobre várias questões.
            O jornalista demonstra durante todo o conto sua admiração por Johnny, porém, junto com essa admiração se manifesta um forte sentimento de frustração por não ter o talento que o músico possui. Ao lado disso convive um orgulho de ser alguém equilibrado que dá suporte para Johnny realizar suas ações, preocupado com que este, por conta de sua desorganização, falta de dinheiro, problemas de saúde e vício, não deixe passar oportunidades de apresentar sua música para o mundo.
            Isto abre uma janela para algumas reflexões.
            Primeiro esse problema que o Romantismo inventou do culto ao gênio. O mundo da música até os dias de hoje ainda sofre com esse terrível estigma que aponta para alguns como escolhidos, “gênios”, e aos demais fica apenas a tarefa de cultuar essa elite de “escolhidos” pelos “dons” da natureza. Não é possível que continuemos a perpetuar uma idéia tão arcaica e obscura como essa. Afinal, o ocidente não se orgulha de sua racionalidade?
            Apliquemos-a também ao campo da música!
            Não estou querendo negar o fato de que algumas pessoas têm maiores habilidades que outras em cada área, mas a música também é uma forma de conhecimento na qual o estudo, a prática e a experiência se somam à características (supostamente) inatas para constituírem um músico. Além disso, há outra questão “enviesada” que acompanha esse mito do gênio, que é a idéia de que somente os “escolhidos pelas musas” devem praticar a música e os demais não devem perder tempo com ela. Ora, todos somos “TOCADOS POR MUSAS”, todos fazemos parte da música como criadores, intérpretes e ouvintes (o compositor também é ouvinte e intérprete; o intérprete também cria e ouve; o ouvinte também exerce papel ativo na recepção da obra, significando-a dentro de sua experiência de vida e, em última instância, a música não vem “pronta”, ela se completa nele) e a prática de música deveria ser algo instituído no currículo básico de nossas escolas, haja visto os benefícios de ordem comportamental, de saúde, intelectual e de sociabilidade que ela traz a todos nós.
            A segunda pergunta que levanto é se, de fato, Bruno sente admiração por Johnny. Não seria inveja? Não haveria um desejo destrutivo, pensando em como um ser tão “frágil” – como ele descreve chamando-o de “pobre Johnny” – é dono de uma música tão grandiosa?
            Junto a esta, a terceira reflexão: Bruno trataria igualmente uma outra pessoa que não fosse o Johnny, que não tivesse o brilho musical dele?
            Ou seja, quem “vale” mais nesse ponto de vista, a música ou o ser humano que a faz?
            Mais que a música...há um ser humano ali. É uma vida, assim como o exemplo de muitos outros artistas, cujas vidas foram consumidas com comportamento semelhante.
            Apesar disso, Bruno acaba fazendo as vezes de um empresário e de um protetor para Johnny, comprando um (uns) sax novo, dando dinheiro, zelando pelo bem estar do músico, mantendo uma constante preocupação para que ele não exagere no álcool e não fume maconha antes das apresentações.
            Ele admite sua inveja por Johnny, mas lamenta que ele esteja se destruindo. Por outro lado tem dúvidas se o músico suportaria a pressão da carreira se não levasse uma vida assim.
            Também reconhece que ele e todos os que rodeiam Johnny só cuidam dele interessados na música que ele pode lhes oferecer e nas benesses que seu sucesso traz a todos, tentando formatá-lo à maneira que concebem que ele deve ser. Egoístas.
            Tal aspecto transparece em outras passagens, como no tocante a uma improvisação que Johnny condenou, mas que os demais, considerando-a uma obra prima, não respeitam a autonomia e o desejo do seu autor e, em sigilo, realizam uma gravação da mesma.
            O próprio Johnny lança isso para Bruno quando, ao comentar sobre a biografia, aponta que o que ele se esqueceu no livro foi de falar dele, Johnny, da pessoa que ele realmente é, chegando a equivocar-se até o ponto de atribuir-lhe sua crença religiosa.

            Além disso, o que o Bruno chama de alucinação...será que isso é de fato uma barreira para a criação artística?
            Entendo que o processo de criação, para todas as áreas, mas principalmente no campo artístico e, particularmente na música (já que também sou compositor) está ligado diretamente à experiência dos insights.
            Embora o conhecimento técnico (e também o não-técnico) funcione como material para alimentar a criação, o processo em si de gerar uma obra não é da ordem da razão, do pensamento.
            Me lembro aqui do grande professor de composição que tive, Achille Picchi: “não ensinamos alguém a compor, o que é possível é fornecer ferramentas para estimular e enriquecer o que o aluno traz.”
            O ato de criar, o impulso inicial, é algo que tem que brotar espontaneamente da própria pessoa.
            Eu, que fui a uma universidade de música com o objetivo de “aprender a compor”, com o passar dos anos compreendi e concordei com o que meu professor dizia. No fundo, eu entrei lá para aperfeiçoar algo que eu já tinha, que era (e é!) esse “chamado interno”, essa necessidade de criar, que, talvez, seja realmente impossível de se ensinar (o que não quer dizer que eu concorde com a ideologia complicada do “gênio”, o predestinado, conforme difundida pela cultura do Romantismo do sec. XIX e ainda hoje, infelizmente, muito presente entre nós).
            Hoje em dia, com algum acúmulo de experiência sobre o assunto, vejo o ato de criar como uma capacidade de entrar em contato com conteúdos inconscientes e conseguir trazê-los para o “nosso mundo”, traduzindo-os em algo que faça sentido para nossa cultura. E, neste sentido, ter estudado e, mais importante, ter participado ativamente de um grupo de psicologia junguiana concomitantemente ao curso de composição me trouxe muito mais recursos para ser compositor do que os livros e as tradicionais aulas de análise musical da faculdade (o que não quer dizer que tais aulas sejam dispensáveis), me permitindo ampliar meu autoconhecimento e me dando a capacidade de abrir esse canal de comunicação com o inconsciente de forma a alimentar e tornar possíveis minhas criações. Nesses momentos de criatividade me sinto transitando entre dois mundos. Esse processo de aprendizagem foi como descobrir o caminho até o “barqueiro” (Caronte) que transporta os viajantes ao longo do rio Estige para o mundo de Hades (travessia essa proibida para a maioria dos humanos), como nos conta a mitologia grega.
            E o que isso tem a ver com o conto?
            Tudo!
            A condição de criador excepcional de Johnny possivelmente estava diretamente ligada à sua situação de “alucinado”, como retrata, pejorativamente, Bruno. O jornalista, embora também lide com a criatividade (como todos nós, aliás, no dia-a-dia, embora nem todos percebam), já que é um crítico de música e escritor, demonstra uma certa visão “puritana”, imaginando o quanto o mundo da música perde por Johnny estar naquela condição em vez de estar tocando música.
            O tema das drogas não deixou, ainda em nossos dias, de levantar polêmicas, pontos de vista conflitantes a seu respeito e muito preconceito envolvido, já que ainda hoje há uma opinião pública formada (e desinformada) que, infelizmente, olha para os usuários como pessoas de índole ruim, com problemas de caráter, e não enxergando neles o que eles realmente são: portadores de um problema de saúde.
            No entanto, se Johnny se portasse o tempo todo como Bruno gostaria que ele fosse, talvez não fosse o músico que era. Como eu disse anteriormente, trazendo meu exemplo, criar arte é estar em contato com conteúdos inconscientes. Quando estou compondo (e muitas vezes não escolho, sou induzido por uma força interna) entro em um estado alterado de consciência. É um momento de estar em “outro mundo”. Como num transe, a exemplo dos relatos de rituais xamanísticos. Evito, sempre que possível, fazer isso quando há alguém em casa, porque nesses momentos não estou incorporado no ego do dia-a-dia (posso falar coisas estranhas, ter comportamentos incomuns, etc). É algo parecido com o comportamento de Johnny na história, porém com a diferença de que desenvolvi a capacidade de me auto induzir a esse estado ou mesmo simplesmente deixá-lo acontecer, sem o auxílio de drogas ou outros estímulos externos. Eu vou e volto. Não fico lá.

            No texto anterior que publiquei aqui falei que a música nos leva para outro tempo, para fora do tempo do mundo.

https://tocadospormusas.blogspot.com.br/2017/07/a-musica-e-experiencia-da-passagem-do.html

            Nas primeiras páginas, em uma conversa com Bruno no quarto de hotel em Paris onde ele e Dédée estavam morando, Johnny fala que a música o tirava fora do tempo e, alguns parágrafos depois, ele compara o tempo com uma bolsa de roupas, se referindo à questão da plasticidade/elasticidade do tempo, ou seja, que o tempo envolve questões qualitativas e não meramente quantitativas.
            Em seguida ele constrói uma comparação da relatividade do tempo “experimentado/sentido” em relação ao tempo do relógio, descrevendo sua percepção do tempo que ocorre quando ele anda de metrô:

“_(...) só no metrô consigo perceber isso, porque viajar no metrô é como estar metido dentro de um relógio. As estações são os minutos, compreende, é esse tempo de vocês, de agora; mas eu sei que há outro, e já estive pensando, pensando...”


“(...) Então um homem, não somente eu como essa tal e você e todos os rapazes, poderiam viver centenas de anos, se encontrássemos a maneira poderíamos viver mil vezes mais do que estamos vivendo por culpa dos relógios, dessa mania de minutos e de depois de amanhã...”
           
            Cortázar enfatiza esse paralelo do tempo como qualidade diferente do tempo métrico.
            O tempo medido é o tempo sobre o qual a sociedade está calcada: o horário do trabalho, o horário da escola, o horário de acordar, de dormir. Tudo isso fechado em um cálculo, segundos, minutos, horas, dias...todos em medidas iguais. É o tempo do dinheiro. E, nessa vida tecnicizada da cidade, acabamos aceitando (temos escolha?) que ele entre em todos os aspectos de nossas vidas.
            Mas, se essa é a lógica das instituições (particularmente as financeiras), não é a das necessidades de nossas vidas. Nossos tempos são outros, como diz Johnny. O tempo do afeto, da contemplação, do viver junto, do relaxar, de se concentrar, de conversar, de parar e esquecer de tudo, de respirar, de ouvir...todos esses tempos não têm métrica, eles têm qualidade!
            E, se não prestamos atenção a esses valores nossas vidas se empobrecem, caímos no rodamoinho da vida do dia-a-dia e somos engolfados, correndo para lá e para cá, sem nos atentarmos para o que realmente tem valor para nós...e, quando olhamos, a vida está indo embora.
            E a lógica do “tempo é dinheiro” nos coloca nessa engrenagem repetitiva sem que nos demos conta. É o que ocorre com o Bruno, que, quando está ouvindo Johnny falar o que parece ser “nonsense” da cabeça de um drogadicto, se sente momentaneamente trazido para refletir, embora com dificuldade. Porém, quando volta para a rua, embora isso o perturbe, ele não consegue associar as duas coisas e se sente aliviado por retornar ao fluxo da vida cotidiana, ou seja, do tempo medido, que avança contínua e indefinidamente para frente...sempre igual...sempre vazio.



“Entrei num café para beber um conhaque e lavar a boca, talvez também a memória que insiste e insiste nas palavras de Johnny, suas histórias, sua maneira de ver o que eu não vejo e no fundo não quero ver. Pus-me a pensar em depois de amanhã e era como uma tranquilidade, como uma ponte bem estendida do balcão do bar para adiante.”

           
            Bruno analisa a música de Johnny como um recurso dele para especular sobre sua própria vida:
Suas conquistas são como um sonho, ele as esquece ao despertar, quando os aplausos o trazem de volta, a ele que anda tão longe vivendo o seu quarto de hora de um minuto e meio
            Johnny não se importa com os olhares que atribuem a ele um lugar de ser diferenciado. Ele só procura o prazer do momento, quando não está tocando.


A música maravilhosa que todos queriam ouvir, para Johnny não era nada de importante




“De quê, queres saber? Não sei, juro, mas estavam convencidos. Do que eram, suponho, do que valiam, de seu diploma (...) Mas eles eram a ciência americana, compreende, Bruno? A bata os protegia dos buracos; não viam nada, aceitavam o já visto por outros, imaginavam que estavam vendo. E naturalmente não podiam ver os buracos e estavam muito seguros de si mesmos, convencidíssimos de suas receitas, suas seringas, sua maldita psicanálise, seus não fume e seus não beba._ O que acontece é que eles se julgam sábios – diz de repente. – Julgam-se sábios porque juntaram um monte de livros e comeram esses livros. Me dá vontade de rir, porque na verdade são bons rapazes e vivem convencidos de que o que estudam e o que fazem são coisas muito difíceis e profundas. O circo é a mesma coisa, Bruno, e conosco é a mesma coisas. A gente imagina que algumas coisas são o cúmulo da dificuldade, e por isso aplaude os trapezistas, ou a mim. Não sei o que as pessoas imaginam, que a gente está se arrebentando para tocar bem, ou que o trapezista rompe os tendões cada vez que dá um salto. Na realidade as coisas verdadeiramente difíceis são outras tão diferentes(...)”
           
             A uma certa altura o crítico musical se queixa da dificuldade de fazer com que Johnny fale de jazz, de trazê-lo à realidade. Porém, imediatamente se questiona: o que é realidade?
            E eu pergunto:
            Realidade é ter uma profissão?
            Exercer uma função programada pela sociedade? Ou seja, fazer o que foi determinado por outrem?
            E nós? E cada um de nós...o que somos como individualidade?
            E, afinal, o que de fato significa a música para um músico? O que é o jazz para Johnny?
            Não seriam os supostos delírios dele equivalentes ao significado da música?

            Vemos ao longo da história Bruno sendo balançado em suas certezas todas as vezes que se encontra com Johnny e eles têm uma conversa a sós. O que ele considera como delírios quando está longe o cativa quando está frente a frente com Johnny. Os raciocínios e questionamentos contidos nos “delírios” de Johnny o desnorteiam temporariamente em relação a seu mundo de certezas, de acúmulo de bens e posição social.
            No fundo, é o que as artes propõem para a humanidade: outros caminhos, outras visões de mundo, outras percepções. Enquanto o mundo do cotidiano, dominado pelo tecnicismo cientificista, nos repete diariamente que há só uma maneira de se viver, que há um caminho do certo (e não andar nele é estar no erro), que temos que viver para vencer e não sermos os derrotados, o mundo das artes está sempre próximo, nos dizendo que há vários caminhos possíveis, que aquilo que nos apontam como correto é apenas uma dentre inúmeras possibilidades, que é possível vivermos com criatividade e beleza...que é possível sermos nós mesmos e termos uma vida satisfatória!



            Cortázar, retratando Johnny e o meio que o circunda, de forma habilidosa, com sua escrita envolvente, põe em questão (reatualiza) a problemática do mito do gênio e tudo que o envolve.
Quem é esse “gênio”?
Quem o produz?
Quem alimenta essa imagem?
Para quem essa imagem é dirigida?
            Mesmo enfocando Charlie Parker, por quem guardava enorme entusiasmo, nos “joga na cara” que há uma pessoa por trás do personagem fabricado e/ou idealizado. Um ser humano como qualquer um de nós.
           
            Estruturalmente, trabalha com dualidades, jogos de tensão entre elementos opostos: artista talentoso x admiradores que sugam sua autonomia; conforto dos prazeres do mundo x imperativos de consciência; vida fugaz x mito “eterno”; virtude x pobreza...como se fosse num discurso musical, movido por tensionamentos e distensionamentos, choque de temas de naturezas diferentes...
            Deliciosamente nos mergulha no magnífico mundo do jazz. Junto com Bruno nos leva a conversas de café, quartos de hotel em meio a delírios de Johnny, estúdios de gravações que fervilham com as improvisações do músico, conversas picantes e flertes discretos, noitadas em Paris, caminhadas de bar em bar, à beira do Sena...tudo isso perpassado por conversas aquecidas sobre Lester Young, Miles Davis e outros ícones da história jazzística.
            Some-se a escrita também jazzística, leve, improvisada, que nos coloca com facilidade dentro de cada cena, até nos fazendo iludir que é fácil escrever assim. E nos leva, nos encanta com seu próprio encanto por Charlie Parker.
            Sim! A leitura nos faz sentir como se estivéssemos lá, sentados em uma cadeira, ouvindo a música, escutando uma cantora que se senta e evoca uma canção, sentindo o cheiro dos cigarros acesos, o sabor adorável de uma dose de Chartreuse circulando na boca e descendo garganta abaixo...nos faz até acreditar que estamos ouvindo, frente a frente, o maior saxofonista de todos os tempos tocando do jeito que só ele podia tocar!
            O Perseguidor é uma obra encantadora, um belíssimo encontro entre literatura e jazz no qual um dos maiores escritores de todos os tempos pincela um retrato da vida de um dos maiores músicos de todos os tempos...uma “entidade” falando de outra!

PERSONAGENS

Charlie Parker
(1920-1955)
            Cresce num ambiente hostil, sem afeto nem proteção familiar. Não teve nenhuma inspiração musical na família. Desde muito cedo tem contato com drogas.
            Em alguns momentos nem o instrumento para tocar ele tinha. Chegou a trabalhar como lavador de pratos e a dormir em garagens.
            Desde cedo sua maneira de tocar já era diferente da dos demais. Também muito cedo veio seu incômodo em tocar as harmonias estereotipadas do estilo swing. Suas ousadias incomodavam os demais músicos, fortemente acostumados e resignados com os clichês.
            Ele modificou o timbre do seu sax-alto, usando uma palheta de sax-tenor, obtendo assim um som mais duro, mais agudo e rico em harmônicos, totalmente diferente do timbre suave dos demais sax-altistas da época.
            Seu encontro com Dizzy Gillespie no clube Minton’s, no Harlem (Nova York) e as jam sessions que ali passaram a ocorrer transformaram a história do jazz, dando origem ao bebop, o estilo frenético da década de 1940.
            Solidifica o quinteto de jazz e a improvisação contínua.
            Descrito como alguém solitário e que nunca fez publicidade de sua música: “simplesmente subia no palco e tocava.”
            Como muitos de seu tempo, viveu uma vida breve, permeada por excessos e extravagâncias. À sua dependência das drogas se juntou o álcool, exagerando neste para amenizar aquela e também fugir da angústia da realidade.
            Charlie Parker é considerado como o maior saxofonista da história do jazz e um dos músicos mais influentes de todos os tempos.













Julio Cortázar
(1914-1984)
            Escritor argentino, que viveu parte significativa de sua vida na França. É um dos mais originais de seu tempo, com grande destaque nos contos e narrativas curtas. Em suas obras a narratividade foge à linearidade temporal entremeada do uso do fantástico e personagens trabalhados profundamente em seus aspectos psicológicos.
            Após conhecer Cuba (logo em seguida à revolução) passou a frequentar comissões, congressos e vários atos em apoio às vítimas e em defesa de presos políticos das ditaduras latino-americanas.
            Cortázar era um apreciador de jazz e contava que procurava escrever imitando a construção musical.




REFERÊNCIAS

O Perseguidor
autor: Julio Cortázar
Cosacnaify

O livro do jazz: de Nova Orleans ao século XXI
autores: Berendt & Huesmann
Edições SESC e Perspectiva


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