Música Clássica ou Música Erudita?

            Pode parecer curioso, mas não existe um consenso sobre a maneira de chamar a música de caráter culto que é realizada no ocidente.
            Até mesmo descrevê-la pode gerar embaraço, como no parágrafo acima no qual utilizo a palavra “culto” que, por si só, já pode criar obstáculos, conforme discutiremos ao longo do texto.
            A imprecisão na denominação acaba abrindo espaço para especulações que muitas vezes deixam a desejar em termos de conteúdo. Como a música não é valorizada em nossa sociedade e, consequentemente, a cultura geral sobre essa arte é empobrecida (a inclusão da música no currículo obrigatório de ensino é relativamente recente e ainda assim deficitária e, em adição, a indústria cultural ganha muito dinheiro vendendo e estimulando a produção de música de qualidade baixa, desestimulando o esclarecimento sobre o assunto), surgem muitas opiniões que frequentemente confundem as pessoas.
            O objetivo deste texto é refletir a respeito dos termos mais comumente usados para nomeá-la, buscar compreender o que eles trazem de referências e, se possível, avaliar sua plausibilidade em relação ao assunto.
            Embora pareça algo simples e trivial, pensar a respeito dessas definições nos leva a refletir sobre o que é essa música (e também, por comparação, as demais músicas), como a compreendemos e qual é o seu papel e lugar em nossa sociedade.
            Alguns dos nomes pelos quais essa música é comumente referida:
û  clássica
û  erudita
û  culta
û  séria
û  de concerto
û  sinfônica
û  de arte
û  exata ou precisa





Música Clássica?

            O termo mais comumente empregado, particularmente entre os “não-iniciados”, é “música clássica”.
            O Dicionário Grove de Música apresenta o verbete “música clássica” como:

 "expressão aplicada a toda uma variedade de músicas de diferentes culturas, e que é usada para indicar qualquer música que não pertença às tradições folclóricas ou populares. ‘Clássico’ aplica-se também a qualquer coletânea de música encarada como um modelo de excelência ou disciplina formal.”

            O Grove traz duas definições complementares para tentar cercar o assunto. Na primeira há uma contraposição, indicando que a música clássica abarca todas as músicas que não estejam no âmbito das músicas folclóricas ou populares.
            Antes de fazermos a crítica, vejamos o que o mesmo dicionário Grove define como música folclórica:

"Expressão usada para tradições musicais associadas em geral a culturas rurais em áreas onde também existe uma tradição de música culta (eclesiástica, cortesã, burguesa). É definida como música que é parte integrante da comunidade, sendo transmitida oralmente; a existência de variantes é característica comumente observada, assim como sua natureza sempre mutante."

            E música popular:

"Expressão que abrange todos os tipos de música tradicional ou “folclórica” que, originalmente criada por pessoas iletradas, não era escrita. As formas de música popular destinadas ao entretenimento de um grande número de pessoas surgiram particularmente com o crescimento das comunidades urbanas, resultado do processo de industrialização. A expressão “música popular” foi pela primeira vez aplicada à música produzida em torno de 1880 nos EUA na chamada era da “Tin Pan Alley” (“Alameda das Panelas”), sendo logo depois empregada na Europa e no Brasil, nos primeiros anos do sec. XX. No entanto, já vinha desenvolvendo características próprias desde o início do sec. XIX, através das baladas sentimentais, da música dos salões de dança e das retretas dos parques públicos, nos repertórios do music hall e da opereta. No Brasil, a música popular beneficiou-se de um cruzamento entre matrizes diversas."

            Este é outro campo no qual comumente surgem dúvidas quanto ao que é “clássico”, popular ou folclórico. Nem sempre é fácil definir suas fronteiras e certas músicas desafiam as definições estritas.
            Não é nosso foco neste texto aprofundar esta discussão. De qualquer maneira, vale a pena perguntar, por exemplo, onde classificaríamos a música de jazz segundo essa definição do Grove?
            Alguns, como o filósofo Adorno (influenciando negativamente leitores e ouvintes em seu tempo e nas gerações posteriores), equivocadamente colocam o jazz como uma música comercial, pertencente ao campo da música popular.
            Mas, o jazz é uma música com muitas vertentes e, se algumas das quais se encaixam como música da indústria cultural, por outro lado jamais poderíamos colocar a obra de criadores excepcionais como Charlie Parker, Thelonius Monk, Dizzy Gillespie, Miles Davis e, particularmente, os músicos altamente experimentadores do Free Jazz (Ornette Coleman e John Coltrane, entre outros) como reprodutores de uma cultura massificada e alienante. A música desses jazzistas está no mesmo patamar que a dos principais compositores da música erudita.
            A segunda definição trazida evoca a idéia da “música clássica” como um modelo de excelência. Esta é uma colocação que, talvez, defina melhor o perfil desta música que estamos procurando nomear. No entanto, é algo que precisa ser muito bem delimitado, pois facilmente abre possibilidades para equívocos.
            Antes de tudo, não existe um tipo de música que seja melhor que outra, pois todos os tipos de música surgem de alguma necessidade social e estão ligadas aos grupos sociais dos quais se originaram. E, como não podemos dizer que há grupos de pessoas que sejam melhores que outros, não podemos dizer que, sociologicamente, exista uma música melhor que a outra. O que podemos dizer é que elas são diferentes.
            Muito importante ressaltar essa questão, pois, a música que chamamos de erudita nasceu nos monastérios da Idade Média, cultivada pelo clero que era a elite da época. Ela continuou ao longo dos séculos sendo um apanágio das elites, com algumas poucas janelas históricas que fazem exceção a essa regra. No século XX, caracteristicamente, há uma significativa cisão entre elite econômica e elite cultural, ou seja, não necessariamente elas coincidem. O consumo de cultura após a ascensão da indústria cultural exerce importante papel nesse contexto. A música, vendida como uma mercadoria qualquer, já não recebe valoração de acordo com sua qualidade artística, e sim, pelo valor que se agrega a ela em função do valor de mercadoria que a ela se imputa.
            É neste sentido que, por exemplo, comumente é mais caro assistir um espetáculo de rock (o protótipo da música comercial, massificada, de entretenimento e alienante – salvo raras exceções) do que um concerto de música contemporânea experimental. A lógica da mercadoria associada à música comercial (que traz por trás de si um imenso aparato de divulgação, de marketing, de construção de imagem, de manipulação de desejos nos cidadãos/consumidores, entre outras coisas) faz com que ela adquira maior valor de venda do que uma música que, potencialmente, traga inovações musicais fruto do trabalho de pesquisa e/ou desenvolvimento artístico de seus criadores.
            Se sociologicamente falando, conforme já apontamos, não é possível dizer que uma música é melhor que outra, por outro lado, tomando por análise critérios estritamente musicais, podemos dizer que há músicas mais ricamente constituídas e outras menos ricamente constituídas. Porém, mesmo aqui é importante construirmos nossos pontos de vista com riqueza de detalhes, procurando contextualizar a música na cultura da qual ela provém (e também considerar o período e o estilo musicais e o momento histórico/político/social do qual ela emerge), para não cairmos no erro pueril e preconceituoso de acreditar que “música boa” é música difícil e complicada. Uma obra musical é muito (muito, muito!) mais que um mero artefato técnico, ela é um retrato do mundo que lhe dá à luz.
            Agora, o termo “música clássica” traz um problema significativo. Dentro da história da música culta do ocidente temos o classicismo que é um dos períodos em que se divide essa música.
            Se estendendo (aproximadamente) entre os anos de 1730 e 1800, o classicismo, influenciado pelo espírito do Iluminismo, é a cristalização em música das idéias que valorizam a razão e a lógica no fazer humano. A partir desse ideal a música é invadida pela busca da simetria, do equilíbrio e da clareza. Procura-se pelo modelo “perfeito” do fazer musical, o que vai levar à formatação da chamada “forma sonata”, que vai servir até a entrada do século XX como A forma perfeita (fôrma) para a criação musical.
            Desta maneira, o termo “música clássica” como definidor do que é a música erudita para o ocidente fica comprometido, pois ele já descreve um período específico de sua história.
            Usá-lo, além de trazer essa confusão em relação a um período também remete a um problema (de ordem estética?) de importância no universo dessa música. Grande parte do público leigo e os setores mais conservadores no mundo da música erudita se referem ao classicismo, ainda hoje, como um modelo de excelência dessa música. No caso do público leigo é mais uma questão de dificuldade ou falta de contato com as músicas pós-século XIX. No caso dos “iniciados” conservadores, a questão entra num jogo de disputa de poder dentro do campo, pois militam para que a música seja uma peça de museu, que não se transforme, que não seja o que ela de fato é: uma arte, viva, que se transforma continuamente, como um organismo e que dialoga constantemente com o mundo (que também, irrefreavelmente, se transforma) e consigo mesma.
            Neste sentido, o termo, além de respaldar interesses de certos grupos dentro do campo musical, também traz consigo um certo traço de anacronismo.
            Não obstante, o termo “música clássica” está solidificado em nossa cultura para designar as músicas cultas de outras culturas. Falamos da Música Clássica Iraniana, da Música Clássica Indiana (Hindustani) ou da Música Clássica Chinesa, entre outras, sem que haja ambiguidades ou questionamentos. Não seria comum ouvir falar da “Música Erudita Hindustani”, por exemplo.



Música Erudita?

            Erudição remete à qualidade de possuir um conhecimento vasto e variado.
            A palavra se associa bem com o tipo de música que estamos falando, pois essa música requer daqueles que a praticam, um sólido conhecimento dos aspectos musicais e, dado o seu diálogo com outras artes e também com outros campos do conhecimento, é esperado que esses músicos igualmente tenham um repertório cultural geral e de conhecimentos diversos adquirido.
            A música culta não é produzida com o único intuito de ser um passatempo para quem a ouve. Essa música dialoga largamente (e convida seus ouvintes a) com a cultura em que está inserida, fazendo referência a outras obras musicais, a outras artes, a fatos históricos, sociais, culturais, econômicos, políticos, lida com questões de tecnologia (música eletroacústica), científicas, de saúde e outras mais.
            É uma música que nos estimula a inteligência, além de sua ação sobre nossa sensibilidade, nossa imaginação, nossas emoções e sobre nosso corpo como um todo.
            E para que não fique dúvida: o fato de chamá-la de “erudita” não quer dizer que, para ouví-la, a pessoa precisa ter um amplo e diversificado conhecimento. Não. A música afeta a todos que a ouvem. Não é necessário “entendê-la” para que alguém seja tocado por qualquer tipo de música que seja. A música ultrapassa tais pedantismos (que precisam ser deixados de lado, como outras tantas manias elitistas que tentam separar ricos e pobres, conhecedores e não conhecedores – vícios que só fazem mal à música e à humanidade), ela toca em conteúdos inconscientes, vibra no corpo todo e, mesmo que ter conhecimentos mais sutis possa vir a proporcionar uma fruição mais rica, ainda assim não é condição excludente para que alguém possa contemplar uma obra. Aliás, ouvir esse tipo de música pode ser um convite para que um ouvinte “não-erudito” amplie seus conhecimentos, se assim ele desejar.
            “Música erudita” é um termo que se adequa bem à música que estamos nos referindo. Um possível viés ocorre se pensarmos que a música de jazz também, conforme já comentamos, pode ser chamada de um tipo de “música erudita”, já que suas características lhe garantem um qualitativo semelhante.

Música Culta?

            Este é outro termo que cai bem para designar essa música. Talvez até melhor que “erudita”, embora no Brasil não seja comum o seu uso.
            Vale aqui o tudo o que dissemos em relação ao termo “erudito”. Igualmente o fato de uma música ser culta não ser um impeditivo para que um ouvinte “não-culto” a ouça.
           
Música Séria?

            Esta denominação, comumente usada, me parece confusa.
            O que seria uma “música séria”?
            Talvez, uma música que se oponha a músicas que ouvimos como entretenimento, para dançar, para relaxar ou para não pensar em nada.
            Possivelmente seja um sinônimo para música ligeira, de entretenimento.
            É difícil situar este termo em relação à música que estamos falando. Seria a música de valsa dos compositores vienenses do século XIX uma música séria? E a ópera buffa? E as operetas?
            Que o leitor me perdoe pelo aparente cinismo, mas este termo sempre me incomodou. Ele tem algo de ofensivo em relação às músicas que não seriam “sérias”, seja lá o que exatamente for isso.
            Dizer que há músicas “sérias”, subentende que as que não se encaixam nesta classificação não são “sérias”.
            Considero este termo inapropriado e insatisfatório, mais um desses usos discriminatórios por meio dos quais colocam essa música num patamar distante, fazendo dela um rito aristocrático, inacessível para os “não-iniciados”, como o exemplo que mencionei no texto “Inovação e tradição na música erudita ocidental dos séculos XX e XXI”.


            A música erudita não é um apanágio de conhecedores, ela é um bem da humanidade.

Música de Concerto?

            A palavra concerto se refere principalmente ao tipo de composição musical na qual um ou mais instrumentos solistas dialogam ou confrontam com um grupo orquestral.
            Também se usa para designar uma apresentação musical, que é o significado ao qual estamos nos referindo.
            Porém, esta denominação não descreve a música que estamos falando, pois podemos ter um concerto de jazz, um concerto de rock ou outro tipo qualquer de música.

Música Sinfônica?

            Mais um termo totalmente inadequado.
            A música culta é escrita para diversos instrumentos e combinações destes. Apenas uma parcela desta música é escrita para orquestra, portanto, não é possível denominar toda essa música por um qualitativo parcial.
            Ainda que toda essa música fosse escrita apenas para orquestra, mesmo assim não seria clarificador denominá-la de sinfônica, pois existem arranjos sinfônicos para músicas populares e para o jazz.

Música de Arte?

            Denominação difícil de se justificar por mais que façamos corriqueiramente a distinção entre obras com cunho “artístico” em oposição à obras de caráter comercial.
            Mesmo que músicas veiculadas comercialmente sejam tratadas mais como uma mercadoria (algumas mais, outras menos) do que propriamente como um objeto artístico, ainda assim não acredito que podemos usurpar a elas o nome de arte.
            Este termo tem sido usado com mais liberdade em relação ao cinema, fazendo a dualidade cinema de arte versus cinema comercial.

Música Exata (ou Precisa)?

            Esta é uma classificação que ouvi umas poucas vezes, supostamente atribuída ao regente e compositor estadunidense Leonard Bernstein.
            A explicação para o uso deste termo seria que existe nessa música apenas uma forma “correta” de se interpretar uma obra, a qual é indicada “exatamente” pelo compositor.
            Me pergunto se estão falando de música ou de ciências exatas.
            A música envolve vários atores/personagens em seu ciclo. Os três mais importantes são o compositor, o intérprete e o ouvinte. O intérprete não é simplesmente um repetidor de um modelo. Por mais que exista (quando há!) uma partitura como ponto de partida para a realização de uma música, o intérprete é um co-compositor. Sua interpretação recria a música a cada vez que ela é apresentada. A música é uma arte do tempo, ela não é estática.
            A partitura não é um conjunto de dados. O intérprete não é um computador no qual se insere um conjunto de dados e ele apresenta um sinal de saída – a interpretação – idêntico a cada vez que toca.
            Duas interpretações de um mesmo instrumentista/cantor, da mesma obra, podem ser diferentes. E a interpretação da mesma obra por diferentes músicos será certamente diferente para cada um deles.
            O intérprete também é um artista criador!
            As maneiras de se interpretar mudam de tempos em tempos. Estão aí os musicólogos para nos demonstrar. Por mais especialistas que existam atualmente sobre músicas de outros períodos, ninguém sabe exatamente como era a maneira “exata” de se tocar uma obra de 200, 300, 400 anos atrás.
            E mais, pensando em músicas mais próximas de nosso tempo, como fazer uma interpretação “exata” de uma obra escrita em partitura gráfica? Ou da obra 4’33” de Cage?
            Denominação totalmente insatisfatória.

Qual nome usar?

            Como já dito, não há uma convenção sobre qual o melhor termo para designar a música culta ocidental.
            Neste texto procurei fazer considerações sobre os termos comumente utilizados. Coloquei meus pontos de vista a respeito de cada um levando em conta o que essas denominações trazem consigo.
            A música culta, por sua natureza, é uma música (com grandes variações em cada período, estilo e mesmo individualmente nos compositores) com riqueza de detalhes, trazendo maior sofisticação no diálogo com outras áreas de conhecimento, e por isto, tende a parecer muitas vezes de difícil compreensão.
            Não é meu propósito simplificar essa música. Pelo contrário, a riqueza de detalhes e a polissemia são qualidades desejáveis, que tornam a experiência de contemplação artística algo enriquecedor para quem a aprecia.
            No entanto, sou contrário ao intuito de fazer dessa música um objeto de distinção entre pobres e ricos. A música erudita, tendo surgido e sido cultivada em um meio elitizado, sempre carregou consigo esse estigma. Faz-se necessário trabalharmos para desmontar essa máscara de rito aristocrático, de privilégio, de “música para poucos”, que tentam imputar a ela. Que a “grande música” não seja mais um dos instrumentos de massacre simbólico daqueles já tão desprovidos de recursos e que, particularmente em uma sociedade imensamente injusta como a nossa, sofrem atualmente (e sempre) ataques e humilhações de todos os lados. Há até hoje um violento horror aos pobres por parte das classes mais abastadas.
            Por quê digo isto?
            Porque nessa música há tradicionalmente uma construção de um gosto que procura se opor ao que seria um gosto popular. E, neste sentido, não dá para nos fazermos de ingênuos, pois não é simplesmente uma questão estética, vai mais além, está aí embutido esse horror pelos pobres, uma aversão a tudo que vem das classes baixas. E isso transparece, mesmo que não enfaticamente, em termos como os que observamos neste texto.

“Quanto às classes populares, sua única função no sistema das tomadas de posição estética é, certamente, a de contraste e ponto de referência negativo em relação ao qual se definem, de negação em negação, todas as estéticas.” (Pierre Bourdier, p. 57-58)

            A música toca nos mais profundos recantos da natureza humana, independentemente de sua complexidade e da capacidade intelectual daquele que a escuta.
            Retornando aos termos, vimos que, entre os oito mencionados, quatro eram insatisfatórios ou mesmo inadequados: música séria, música de concerto, música sinfônica e música exata.
            Entre os restantes, embora todos sejam aplicáveis, o termo “música de arte” não é tão adequado quanto os outros três.
            “Música erudita” e “música culta”, ao nosso ver, são os termos mais apropriados. Porém, “música clássica”, apesar de sua inconsistência por ter a referência ao período do classicismo, é o termo mais popularizado e esta é uma informação sempre importante, particularmente quando temos o imperativo da comunicação.
            Independentemente de qual denominação usar, acredito que enriquecer o pensamento a respeito, sabendo que existem outras definições e que elas não estão plenamente consolidadas, já fará bastante diferença para as pessoas. Além disso, trazer o questionamento, saber que existe o problema, são recursos que valem mais do que uma palavra “correta”.
            Por mais que um ou outro termo possa ter maior plausibilidade, não devemos nos esquecer que a língua não é estática, ela é fluida, está a todo momento sendo reelaborada, em contínua transformação. As pessoas manuseiam as palavras de acordo muito mais com o sentido que elas tomam em suas vidas e menos pelo que estudiosos e eruditos dizem que é o “certo”.
            Em outras palavras, não é a vida que tem que se curvar diante do saber que está constituído e sim o contrário, o conhecimento está espalhado pelo mundo afora, pois a natureza (da qual toda a vida provém) é o saber supremo.
            E que assim continue sendo!
            Chame essa música como desejar, o que importa é o bem que ela te faz!


REFERÊNCIAS

Dicionário Grove de Música – edição concisa
editado por Stanley Sadie
ZAHAR

A Distinção: crítica social do julgamento
autor: Pierre Bourdieu
EDUSP/ZOUK


PERSONAGENS

Adorno
            Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno (1903-1969), filósofo, sociólogo e compositor alemão. Um dos expoentes da Escola de Frankfurt, foi um crítico tenaz da sociedade de mercado e de nossa civilização tecnicizada. Cunhou, junto com Max Horkheimer, o termo “indústria cultural”. Sendo também compositor, seu pensamento filosófico sobre música é um marco na história do ocidente.


Indústria cultural
            termo oriundo da Teoria Crítica, designa a transposição da lógica industrial para o mundo da arte, dando como resultado uma arte voltada para o lucro, padronizada e com pouca liberdade de criação. O que surge daí é uma cultura massificada, com produção de arte de baixa qualidade e um consequente embotamento da sensibilidade e do gosto geral. Mais amplamente, a indústria cultural, fortemente viva em nossos dias, é um instrumento de alienação, de imposição dos interesses das classes dominantes sobre os dominados.

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